Subsídio para a Revista Lições Bíblicas JUVENIS, número 3 do currículo da CPAD, do terceiro Trimestre de 2013.
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Relato Bíblico da
Origem do Homem, em a “Teologia Sistemática de Louis Berkhof”
A Escritura nos oferece
um duplo relato
da criação do
homem, um em
Gn 1.26, 27,
e outro em Gn
2.7, 21-23. A alta
crítica é de
opinião que o
escritor de Gênesis
juntou duas narrativas
da criação, a primeira, de Gn 1.1-2. 3, e a segunda, de Gn 2.4-25; e que
as duas são independentes e contraditórias. Em sua obra sobre a Doutrina
Bíblica do Homem (The Doctrine of Man),1 Laidlaw dispõe-se a
admitir que o
autor de Gênesis
fez uso de
duas fontes, mas
se recusa a
ver aí dois diferentes relatos
da criação. Com
muita propriedade, nega
que no capítulo
dois temos “um diferente relato da criação, pela simples
razão deque este não leva em conta a criação em geral”.
De fato, as
palavras introdutórias da
narrativa que começa
em Gn 2.4,
“Estas são as
gerações dos céus e da terra, quando foram criados”, vistas à luz do
repetido uso das palavras, “estas são as
gerações” no Livro de Gênesis, indicam o fato de que temos aí algo
completamente diverso. A expressão
indica invariavelmente, não a
origem ou o
princípio das pessoas
mencionadas, mas a sua
história familial. A primeira
narrativa contém o relato
da criação de
todas as coisas
na ordem em que ocorreu,
enquanto que a
segunda agrupa as
coisas em sua
relação com o homem,
sem nada implicar com
respeito à ordem cronológica
do aparecimento do homem
na obra criadora
de Deus, e indica
claramente que tudo
que o precedeu
serviu para preparar
uma adequada habitação para
o homem como o rei
da criação. Ela
nos mostra como
o homem foi
colocado na criação, rodeado
pelo mundo vegetal
e animal, e
como ele iniciou
a sua história.
Há certas particularidades nas
quais a criação do homem sobressai, em distinção da dos outros seres vivos.
Imagem
e semelhança de Deus, segundo a “Teologia Sistemática Pentecostal”
“Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn I.24b). O verbo
“fazer”, na primeira pessoa do
imperativo, no plural,
denota que o Criador não estava sozinho, na criação do homem. A compreensão
humana não alcança a grandeza daquele momento único e singular, totalmente
distinto de todo processo criador dos demais seres.
Apesar disso, pode-se
entender que, num
ponto do planeta,
no Oriente, no sítio do
jardim do Eden
ou do Paraíso,
o Deus Pai,
o Deus Filho
e Deus Espírito Santo se reuniram solenemente para fazer surgir o novo ser
que haveria de revolucionar toda a criação. Por um momento, de modo positivo; por
muitos séculos, de modo negativo. Mas, de qualquer forma, ali estava a
reunião solene da Trindade para criar o homem à imagem e semelhança de Deus!
Em Gn 1.26-30,
encontramos 0 homem feito à
imagem de Deus;
l) um ser espiritual apto para a imortalidade, v. 2 6b;
2) um ser moral que tem a semelhança de Deus, v.27;
3) um ser
intelectual com a
capacidade da razão
e de governo, vv.26c,28-30.6
Acima vemos a interpretação do
que é ser
imagem e semelhança
de Deus encontrada no Comentário Beacon, publicado no Brasil pela CPAD.
O homem foi
feito para ser
dominador da natureza. E não
poderia ser de modo diferente. Deus
fez o ser humano
à sua imagem,
conforme a sua
semelhança, para ser
governante dessa “pequena parte do
Universo”; para dominar sobre as criaturas
viventes, criadas antes
dele. O salmista
Davi disse que
Deus fez o homem
pouco menor que
os anjos e
lhe deu, no
início, domínio sobre toda a criação (SI 8.5-8).
Esse era o plano original de Deus para com o ser humano: ser
representante de Deus, com autoridade sobre toda a criação. Como veremos adiante,
esse plano foi prejudicado pela Queda,
transtornando todo o Universo.
O homem à
imagem de Deus. Diante da grandeza e da nobreza originais conferidas ao ser humano,
o que viria a significar o
homem à imagem de
Deus? As respostas a essa questão não são completas. H á quem diga que a imagem
de Deus no homem seria física. Ou que essa imagem seria a postura reta, ou
vertical, do esqueleto humano.
Não se deve sequer ocupar espaço e tempo com esse argumento, pois
Deus, sendo espírito (Jo
4.23), não projetaria imagem física no homem. As questões sobre a imagem de Deus no homem têm suscitado muitas discussões, desde
que os teólogos começaram
a se debruçar
sobre o estudo
acerca da criação
e, em especial, do ser humano.
Os chamados pais da igreja
entendiam que a imagem de Deus no homem seria o conjunto de
características morais e
espirituais que o levam a ser
santo. Mas houve quem entendesse que tais características também seriam
corporais. Irineu e Tertuliano faziam distinção entre imagem e semelhança, considerando a
primeira como os aspectos
corporais, e a segunda como as
características espirituais.
Orígenes e Clemente de Alexandria discordavam dessa afirmação; antes,
diziam que a imagem se referia às características próprias do ser
humano, enquanto a semelhança dizia respeito às qualidades provindas de Deus — não
inerentes ao ser humano. Já Pelágio via na imagem somente a capacidade de
raciocínio que o homem desenvolvia, podendo valer-se do livre-arbítrio.
Já os escolásticos concordaram em muitos aspectos
com os pais da igreja, mas ampliaram o conceito
de imagem de Deus,
incluindo a idéia de
intelecto, razão, liberdade; a
semelhança seria o sentimento
de justiça provinda do Criador. A imagem de
Deus seria algo concedido
ao homem de modo natural,
e a semelhança, uma espécie de dom sobrenatural, que controlaria a
natureza inferior do homem.
Os reformadores, em geral, não
faziam distinção entre a imagem e
a semelhança de Deus no homem; eles entendiam que a justiça original faria
parte da imago Dei. na condição original do ser humano.
A imagem conforme a semelhança
de Deus. A discussão teológica sobre o significado da imagem de Deus, ou a imago
Dei, não tem um consenso efetivo. Há divergências entre os teólogos. De início, no Gênesis, Deus disse: “Façamos o homem
à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (1.26); no versículo seguinte,
lemos: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e
fêmea os criou” (v.27).
Notemos que o texto bíblico de Gênesis
1.27 não repete a expressão “ímagem, conforme a nossa semelhança”. Parece-nos razoável entender que o
ponto central, ou a idéia-chave, do
relato bíblico é o registro de que o
homem (o ser humano) foi feito
“à imagem de
Deus” (v.26). A
passagem deixa claro
que tanto o homem como a mulher foram criados à “imagem de Deus”. Com essa expressão, entendemos que
o Gênesis demonstra
qual é a natureza
original do homem — ele foi criado à imagem de Deus.
A semelhança tem
caráter explicativo, indicando
a conformidade pela
qual aquela imagem de
Deus foi impressa
no ser criado.
Ou expressa o
modo ou o modelo daquela imagem. Não há necessidade, pois, de se estudar as duas
palavras “imagem” e “semelhança”,
separadamente, buscando significados complexos para cada uma delas.
Comentários de Gênesis 1:26 e 2:18,21-24, em o “Comentário
Bíblico Moody”
26. Façamos o
homem. O momento supremo da criação chegou
quando Deus criou o homem. A narrativa apresenta Deus convocando a corte
celestial, ou dos outros dois membros da Trindade, a fim de que toda a atenção
fosse dada a este acontecimento. Alguns comentadores, entretanto, interpretam o
plural como um "plural de majestade", indicando dignidade e grandeza.
A forma plural da palavra Deus, Elohim, pode ser explicada mais ou menos
da mesma forma. O Senhor está representado concedendo atenção fora do comum a
um assunto cheio de muito significado.
À nossa imagem (selem), conforme a nossa semelhança
(demût). Embora estes dois sinônimos tenham significados separados, aqui
não há necessidade nenhuma de se fazer algum esforço para apresentar os
diferentes aspectos do ser divino. Está claro que o homem, como Deus o criou,
era distintamente diferente dos animais já criados. Ele estava em um platô
muito mais alto, pois Deus o criou para ser imortal, e fez dele uma imagem
especial de Sua própria eternidade.
O homem era uma
criatura que o seu Criador podia visitar e ter amizade e comunhão com ele. De
outro lado, o Senhor podia esperar que o homem Lhe correspondesse e fosse digno
de Sua confiança. O homem foi constituído possuidor do privilégio da escolha,
até o ponto de desobedecer o Seu Criador, Ele tinha de ser o representante e
mordomo responsável de Deus sobre a terra, fazendo a vontade do seu Criador e
cumprindo o propósito divino. O domínio do mundo seria entregue a esta nova
criatura (cons. Sl. 8:5-7). Ele foi comissionado a subjugar (kábash,
"pisar sobre") a terra, e a seguir o plano de Deus e enchê-la com sua
gente. Esta sublime criatura, com seus incríveis privilégios e pesadas
responsabilidades, tinha de viver e movimentar-se regiamente.
18. Uma
auxiliadora que lhe seja idônea ('izer kenegdô). O inspirado autor revela indiretamente a
natural solidão do homem e a sua insatisfação. Embora muito se fizesse por ele,
ainda estava consciente de uma falta. O Criador não terminara ainda. Ele tinha
planos de fornecer uma companheira que pudesse satisfazer os anseios
incumpridos do coração do homem. Criado para a comunhão e o companheirismo, o
homem só poderia desfrutar inteiramente da vida se pudesse partilhar do amor,
da confiança e da devoção no íntimo círculo do relacionamento familiar. Jeová
tornou possível que o homem tivesse uma auxiliadora... idônea. Literalmente,
uma auxiliadora que o atenda. Ela teria de partilhar das responsabilidades do
homem, corresponder à natureza dele com amor e compreensão, e cooperar de todo
o coração com ele na execução do plano de Deus.
21. Fez cair (beinâ) pesado sono (tardimâ).
Hoje em dia os médicos usam diversos anestésicos para produzirem sono profundo.
Não sabemos que meios ou métodos o Criador usou para induzir Adão nesse pesado
sono que o deixou inconsciente dos acontecimentos. Isto permanece um mistério.
Certamente a misericórdia divina foi exibida neste milagre. O Eterno estava
criando não apenas um outro indivíduo, mas um indivíduo novo, totalmente
diferente, com outro sexo. Alguém já disse que "a mulher foi tirada não da
cabeça do homem para governar sobre ele, não dos seus pés para ser pisada por
ele, mas do seu lado, de sob o seu braço, para ser protegida, e de perto do seu
coração, para ser amada". Na história da criação ela também está
representada dependendo inteiramente de seu marido e incompleta sem ele. Do
mesmo modo, o homem jamais é inteiramente completo sem a mulher. Essa é a
vontade de Deus. Uma vez que a mulher foi formada do lado do homem, ela tem a
obrigação de permanecer ao seu lado e de ajudá-lo. Ele tem a obrigação de lhe
dar a proteção e defendê-la com o seu braço. Os dois seres formam um todo
completo, a coroa da criação. O autor do Gênesis declara que Deus transformou (beinâ)
a costela que tirou do homem em uma mulher. A mão que moldou o barro para fazer
o corpo do homem, pegou uma parte do corpo vivo do homem e transformou-o em uma
mulher.
22. E lha
trouxe. Quando Deus terminou essa nova criação,
Ele "a deu" em casamento ao seu marido, estabelecendo assim a
eternamente significativa instituição do casamento. Uma vez que o Criador
instituiu o casamento, este constitui um relacionamento sagrado do homem com a
mulher, envolvendo profundo mistério e proclamando sua origem divina. O amoroso
coração de Deus sem dúvida se regozijou com a instituição de um relacionamento
que devia ser sublime, puro, santo e agradável para a humanidade.
23. Esta,
afinal, é . . . carne da minha carne. O homem reconheceu nesta nova criação uma companheira
divinamente criada para atender a todos os anseios do seu faminto coração para
a execução da santa vontade de Deus. Varoa ('ishshâ) . . . varão (ish).
Estas duas palavras hebraicas são muito parecidas, até mesmo no som. A única
diferença entre elas é que a palavra "mulher" tem um sufixo feminino.
Léxicos mais recentes declaram que estas palavras não são etimologicamente
relacionadas. Não há, entretanto, nenhuma base para rejeitarmos a opinião
anterior de que a palavra "mulher" vem da palavra "homem".
24. Por isso .
. . o homem. . . se une (deibaq)
à sua mulher. O Criador estabeleceu a base completa para o casamento
monogâmico. Rashi, o grande comentador hebreu, declara que estas palavras são
um comentário específico do Espírito Santo. O comentário final sobre a união de
marido e mulher foi feito por nosso Senhor Jesus Cristo, quando disse:
"Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher.
E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.
Portanto o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mc. 10:7-9). Deus
planejou que os laços matrimoniais deveriam ser terminantemente indissolúveis.
Se une (deibaq) significa "colar-se a" sua esposa (sua própria
esposa). A palavra "mulher" está no singular. O homem, que é o mais
forte, é o que deve unir-se a ela. A esposa ficará segura ao marido, se
ele exercer sobre ela o tipo de poder amoroso descrito neste versículo. "O
que Deus ajuntou não o separe o homem". Esta é uma declaração antiga, mas é
verdadeiramente a palavra de Deus para todos os corações da atualidade e para
sempre.
Como é notável
que um relacionamento tão exatamente descrito por Moisés há séculos atrás,
continue enraizado na verdade eterna e no decreto divino! A santidade do
casamento fundamenta-se no próprio coração das Escrituras, e ficou eternamente
destacada pelo Espírito Santo, como necessidade básica. Deus quis que as
criaturas feitas à Sua imagem fossem Seus vasos escolhidos para a edificação de
um lar que Lhe fosse agradável. No N.T. o Espírito revela: o relacionamento
divinamente estabelecido entre o homem e a mulher, baseia-se na ordem da criação;
na liderança da família exercida pelo marido; na santidade eterna dos votos
matrimoniais; no tipo de amor que deveria unir o esposo à esposa; e na pureza
que deveria caracterizar aquelas que tipificam a Esposa por quem Cristo deu a
Sua vida.



