Subsídio EBD Juvenis, Lição 5 - Os Dons Espirituais

 Subsídio EBD Juvenis, Lição 5 - Os Dons Espirituais

da Revista Lições Bíblicas Juvenis da CPAD, revista 3 do Currículo 


A DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS, em a "Teologia Sistemática, de Stanley M. Horton"
Existem muitos dons, e nenhuma das listas visa ser exaustiva. Vinte e um deles são alistados no Novo Testamento. Todos são complementares entre si: nenhum é completo em si mesmo. Por exemplo: todos os dons em Romanos 12.6-8 podem ser proveitosamente aplicados a uma situação de aconselhamento. Dons encontrados em determinada lista podem ser facilmente relacionados a dons constantes em outras relações. O dom de contribuir pode manifestar-se como misericórdia, socorros, exortação ou mesmo o martírio. Alguns dons são facilmente identificados: as línguas e a interpretação, as curas e os milagres. Outros dons, porém, como a palavra da sabedoria, a palavra do conhecimento, o discernimento de espíritos e a profecia, talvez exijam um exame cuidadoso antes de serem identificados.


O fato de nenhuma pessoa ser auto-suficiente leva à interdependência. Cada crente é um membro do corpo de Cristo; e cada membro precisa dos demais. Juntos, podem fazer o que um indivíduo sozinho jamais conseguiria. Mesmo quando as pessoas manifestam os mesmos dons, fazem-no de modo diferente e com resultados diferentes. Ninguém indi-vidualmente possui um dom na sua manifestação total. É necessária a participação de todos.
Os dons devem ser exercidos com amor, por causa do perigo de serem comunicados de modo errôneo, até mesmo por pessoas com as mais sinceras intenções. E todo dom deve ser avaliado pela igreja.
Paulo é extremamente prático. Na questão dos dons do Espírito Santo, nada indica seja mera teoria. A maioria dos estudiosos classificam os dons de 1 Coríntios 12.8-10 em três categorias: revelação, poder e expressão, com três dons em cada categoria. Trata-se de uma divisão conveniente e lógica. Creio, à luz de 1 Coríntios 12.6-8 e 14-1-33, que Paulo está fazendo uma divisão funcional.Com base no emprego da palavra grega heteros ("outro de tipo diferente") por duas vezes em 1 Coríntios 12.6-8, podemos ver os dons divididos em três categorias de dois, cinco e dois dons respectivamente.



Dons de Ensino (e Pregação):

  • A palavra da sabedoria
  • A palavra do conhecimento
Dons do Ministério (à Igreja e ao Mundo):
  • Dons de curar
  • Operação de maravilhas
  • Profecia
  • Discernimento de espíritos
Dons de Adoração:
  • Variedades de línguas
  • Interpretação de línguas
Essa tríplice divisão pode ser confirmada dividindo-se 1 Coríntios 14 em parágrafos. Note que Paulo acrescenta nova categoria em 1 Coríntios 14.20-25: "um sinal... para os incrédulos" (v. 22).


Dons Espirituais, segundo o Dicionário do Movimento Pentecostal
 Do  gr.  pneumatikon , derivado de  pneuma , “espírito”, 1 Coríntios 12.1; 14.1,12. Uma das maneiras do Espírito Santo manifestar-se é através de uma variedade de dons espirituais concedidos sobrenaturalmente aos crentes (1 Co 12.7-11). Essas manifestações do Espírito visam à edificação e à santificação da igreja (1 Co 12.7; 14.26). Esses dons e ministérios não são os mesmos de Romanos 12.6-8 e Efésios 4.11, mediante os quais o crente recebe poder e capacidade para servir na igreja de modo mais permanente. Os dons aí tratados podem operar em conjunto, de diferentes maneiras.
 (1) As manifestações do Espírito dão-se de acordo com a vontade do Espírito (1 Co 12.11), ao surgir a necessidade, e também conforme o anelo do crente na busca dos dons (1 Co 12.31; 14.1).
 (2) Certos dons podem operar num crente de modo regular, e um crente pode receber mais de um dom para atendimento de necessidades específicas. O crente deve desejar “dons”, e não apenas um dom (1 Co 12.31; 14.1).
 (3) É antibíblico e insensato pensar que exercer um dom de operação exteriorizada (mais visível) é sinal de maior espiritualidade do que exercer dons de operação mais interiorizada (menos visível). Também, quando uma pessoa possui um dom espiritual, isso não significa que Deus aprova tudo quanto ela faz ou ensina. Não se deve confundir os dons do Espírito com o fruto do Espírito, o qual se relaciona mais diretamente com o caráter e a santificação do crente (Gl 5.22,23).
 (4) Satanás pode imitar a manifestação dos dons do Espírito, ou falsos crentes disfarçados como servos de Cristo podem fazer o mesmo (Mt 7.21-23; 24.11, 24; 2 Co 11.13-15; 2 Ts 2.8-10). O crente não deve dar crédito a qualquer manifestação espiritual, mas deve “provar se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 Jo 4.1; cf. 1 Ts 5.20,21).
 Em 1 Coríntios 12.8-10, o apóstolo Paulo apresenta uma diversidade de dons (derivado de  charis , “graça”) que o Espírito Santo concede aos crentes. Nesta passagem, ele não descreve as características desses dons, porém, noutros trechos das Escrituras, temos ensino sobre os mesmos.
 1. Dom da Palavra da Sabedoria (1 Co 12.8).
 Trata-se de uma mensagem vocal sábia, enunciada mediante a operação sobrenatural do Espírito Santo. Tal mensagem aplica a revelação da Palavra de Deus ou a sabedoria do Espírito Santo a uma situação ou problema específico (At 6.10; 15.13-22). Não se trata aqui da sabedoria comum de Deus, para o viver diário, que se obtém pelo diligente estudo e meditação nas coisas de Deus e na sua Palavra, e pela oração (Tg 1.5,6).
 2. Dom da Palavra do Conhecimento (1 Co 12.8).
 Trata-se de uma mensagem vocal, inspirada pelo Espírito Santo, revelando conhecimento a respeito de pessoas, de circunstâncias, ou de verdades bíblicas. Freqüentemente, este dom tem estreito relacionamento com o de profecia (At 5.1-10; 1 Co 14.24,25).
 3. Dom da Fé (1 Co 12.9).
 Não se trata da fé para salvação, mas de uma fé sobrenatural especial, comunicada pelo Espírito Santo, capacitando o crente a crer em Deus para a realização de coisas extraordinárias e milagrosas. É a fé que remove montanhas (1 Co 13.2) e que freqüentemente opera em conjunto com outras manifestações do Espírito, tais como as curas e os milagres (Mt 17.20; Mc 11.22-24; Lc 17.6).
 4. Dons de Curas (1 Co 12.9,28,30).
 Do gr.  charismata iamat ō n . Esses dons são concedidos à igreja para a restauração da saúde física, por meios divinos e sobrenaturais (Mt 4.23-25; 10.1; At 3.6-8; 4.30). O plural (“dons”) indica curas de diferentes enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um dom especial de Deus. Os dons de curas não são concedidos a todos os membros do corpo de Cristo (cf. 12.11,30), todavia, todos eles podem orar pelos enfermos. Havendo fé, os enfermos serão curados. Pode também haver cura em obediência ao ensino bíblico de Tiago 5.14-16.
 5. Dom de Operação de Milagres (1 Co 12.10).
 Trata-se de atos sobrenaturais de poder que intervêm nas leis da natureza. Incluem atos divinos em que se manifesta o reino de Deus contra Satanás e os espíritos malignos (Jo 6.2).
 6. Dom de Profecia (1 Co 12.10).
 É preciso distinguir a profecia aqui mencionada, como manifestação momentânea do Espírito, da profecia como dom ministerial na igreja, mencionado em Efésios 4.11. Como dom de ministério, a profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais servem na igreja como ministros profetas. Como manifestação do Espírito, a profecia está potencialmente disponível a todo cristão cheio dele (At 2.16-18). Quanto à profecia, como manifestação do Espírito, observe o seguinte: (a) Trata-se de um dom que capacita o crente a transmitir uma palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (1 Co 14.24,25,29-31). Aqui, não se trata da entrega de sermão previamente preparado. (b) Tanto no AT como no NT, profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de Deus e exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência (1 Co 14.3). (c) A mensagem profética pode desmascarar a condição do coração de uma pessoa (1 Co 14.25), ou prover edificação, exortação, consolo, advertência e julgamento (1 Co 14.3,25,26,31). (d) A igreja não deve ter como infalível toda profecia deste tipo, porque muitos falsos profetas estarão na igreja (1 Jo 4.1). Daí, toda profecia deve ser julgada quanto à sua autenticidade e conteúdo (14.29,32; 1 Ts 5.20,21). Ela deverá enquadrar-se na Palavra de Deus (1 Jo 4.1), contribuir para a santidade de vida dos ouvintes e ser transmitida por alguém que, de fato, vive submisso e obediente a Cristo (1 Co 12.3). (e) O dom de profecia manifesta-se segundo a vontade de Deus, e não a do homem. Não há, no NT, um só texto mostrando que a igreja de então buscava revelação ou orientação através dos profetas. A mensagem profética ocorria na igreja somente quando Deus tomava o profeta para isso (1 Co 12.11).
 7. Dom de Discernimento de Espíritos (1 Co 12.10).
 Trata-se de uma dotação especial dada pelo Espírito, para o portador do dom discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo ou não (1 Co 14.29; 1 Jo 4.1). No fim dos tempos, quando os falsos mestres (Mt 24.5) e a distorção do cristianismo bíblico aumentarão muito (1 Tm 4.1), esse dom espiritual será extremamente importante para a igreja.
 8. Dom de Variedades de Línguas (1 Co 12.10).
 No tocante às “línguas” (gr.  gl ō ssa , que significa língua) como manifestação sobrenatural do Espírito, notemos os seguintes fatos: (a) Essas línguas podem ser humanas e vivas (At 2.4-6), ou uma língua desconhecida na terra, e.g., “línguas... dos anjos” (1 Co 13.1). A língua falada através deste dom não é aprendida, e quase sempre não é entendida, tanto por quem fala (1 Co 14.14) como pelos ouvintes (1 Co 14.16). (b) O falar noutras línguas como dom abrange o espírito do homem e o Espírito de Deus, que, entrando em mútua comunhão, faculta ao crente a comunicação direta com Deus (i.e., na oração, no louvor, no bendizer e na ação de graças), expressando-se através do espírito mais do que da mente (1 Co 14.2,14) e orando por si mesmo ou pelo próximo, sob a influência direta do Espírito Santo, à parte da atividade da mente (1 Co 14.2,15,28; Jd 20). (c) Línguas estranhas faladas no culto devem ser seguidas de sua interpretação, também pelo Espírito, para que a congregação conheça o conteúdo e o significado da mensagem (1 Co 14.3,27,28). Ela pode conter revelação, advertência, profecia ou ensino para a igreja (1 Co 14.6). (d) Deve haver ordem quanto ao falar em línguas em voz alta durante o culto. Quem fala em línguas pelo Espírito, nunca fica em “êxtase” ou “fora de controle” (1 Co 14.27,28).
 9. Dom de Interpretação de Línguas (1 Co 12.10).
 Trata-se da capacidade concedida pelo Espírito Santo, para o portador deste dom compreender e transmitir o significado de uma mensagem dada em línguas. Tal mensagem, interpretada para a igreja reunida, pode conter ensino sobre a adoração e a oração, ou pode ser uma profecia. Toda a congregação pode assim desfrutar dessa revelação vinda do Espírito Santo. A interpretação de uma mensagem em línguas pode ser um meio de edificação da congregação inteira, pois toda ela recebe a mensagem (1 Co 14.6,13,26). A interpretação pode vir através de quem deu a mensagem em línguas ou de outra pessoa. Quem fala em línguas deve orar para que possa interpretá-las (1 Co 14.13).
 Veja também DONS DO ESPÍRITO SANTO e DOUTRINA PENTECOSTAL.
 Fontes:  Dons espirituais para o crente. Em:  Bíblia de Estudo Pentecostal . Rio de Janeiro: CPAD, 1995, pp. 1756-1758; ARRINGTON, French L. e STRONSTAD, Roger, eds.  Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento . Rio de Janeiro, CPAD, 2003, 1a edição, pp. 1008-1020; Dons espirituais. Em: PFEIFFER, Charles F.  at alli .  Dicionário Bíblico Wycliffe . Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp. 581-583.

Dons Ministeriais no Dicionário do Movimento Pentecostal (retirado de Bíblia de Estudo Pentecostal)
 A  Bíblia de Estudo Pentecostal  (CPAD) traz o seguinte estudo doutrinário:
 Do gr.  diakoniai , “ministérios”, derivado de  diakonia , “serviço”. Constituem-se em capacitação e poder concedidos pelo Espírito Santo a crentes para prestarem uma variedade de serviços à igreja. Eles estão mencionados em 1 Coríntios 12.28,29, Efésios 4.11-16, Romanos 12.4-8 e 1 Pedro 4.10,11.
 Há comentaristas que separam os dons ministeriais em duas classes: 1a) os dons ministeriais propriamente ditos, com base somente em Efésios 4.7-12, os quais se relacionam com a liderança da Igreja. São os ministros da igreja – apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores; e 2a) os dons de serviço cristão (Rm 12.6-8 e 1 Co 12.28), os quais têm a ver com o trabalho do Senhor. São eles: servir, ensinar, exortar, repartir, presidir e misericórdia. Os dons de serviço consideram os crentes como indivíduos, diferentemente dos dons espirituais, voltados para o coletivo.
 Efésios 4.11 alista os dons de ministério (i.e., líderes espirituais dotados de dons) que Cristo deu à igreja. Paulo declara que Ele deu esses dons (1) para preparar o povo de Deus para o trabalho cristão (Ef 4.12) e (2) para o crescimento e desenvolvimento espirituais do corpo de Cristo, segundo o plano de Deus (Ef 4.13-16).
 1. Apóstolos.
 O título “apóstolo” aplica-se a certos líderes cristãos no NT. O verbo  apostell ō  significa enviar alguém em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o envia. O título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2 Co 1.1; Gl 1.1), e outros (At 14.4,14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2.8,9; 1 Ts 2.6,7). (1) O termo “apóstolo” era usado no NT em sentido geral, para um representante designado por uma igreja, como, por exemplo, os primeiros missionários cristãos. Logo, no NT, o termo se refere a um mensageiro nomeado e enviado como missionário ou para alguma outra responsabilidade especial (At 14.4,14; Rm 16.7; cf. 2 Co 8.23; Fp 2.25). Eram homens de reconhecida e destacada liderança espiritual, ungidos com poder para defrontar-se com os poderes das trevas e confirmar o evangelho com milagres. Cuidavam do estabelecimento de igrejas, segundo a verdade e pureza apostólicas. Eram servos itinerantes que arriscavam suas vidas em favor do nome de nosso Senhor Jesus Cristo e da propagação do evangelho (At 11.21-26; 13.50; 14.19-22; 15.25, 26). Eram homens de fé e de oração, cheios do Espírito (At 11.23-25; 13.2-5,46-52; 14.1-7,21-23). (2) Apóstolos, no sentido geral, continuam sendo essenciais para o propósito de Deus na igreja. Se as igrejas cessarem de enviar pessoas assim, cheias do Espírito Santo, a propagação do evangelho em todo o mundo ficará estagnada. Por outro lado, enquanto a igreja produzir e enviar tais pessoas, cumprirá a sua tarefa missionária e permanecerá fiel à grande comissão do Senhor (Mt 28.18-20). (3) O termo “apóstolo” também é usado no NT em sentido especial, em referência àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e que foram pessoalmente comissionados por Ele para pregar o evangelho e estabelecer a igreja (e.g., os doze discípulos e Paulo). Tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante à revelação divina e à mensagem original do evangelho, como ninguém mais até hoje (Ef 2.20). O ministério de apóstolo nesse sentido restrito é exclusivo, e dele não há repetição. Os apóstolos originais do NT não têm sucessores (1 Co 15.8).
 2. Profetas.
 Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito Santo e revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo (At 2.17; 4.8; 21.4). (1) O ministério profético do AT ajuda-nos a compreender o do NT. A missão principal dos profetas do AT era transmitir a mensagem divina através do Espírito, para encorajar o povo de Deus a permanecer fiel, conforme os preceitos da antiga aliança. Às vezes, eles também prediziam o futuro, conforme o Espírito lhes revelava. Cristo e os apóstolos são um exemplo do ideal do AT (At 3.22,23; 13.1,2). (2) A função do profeta na igreja incluía o seguinte: (a) Proclamava e interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina. Sua mensagem visava admoestar, exortar, animar, consolar e edificar (At 2.14-36; 3.12-26;
  1 Co 12.10; 14.3). (b) Devia exercer o dom de profecia. (c) Às vezes, ele era vidente (cf. 1 Cr 29.29), predizendo o futuro (At 11.28; 21.10,11). (d) Era dever do profeta do NT, assim como para o do AT, desmascarar o pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo e frieza espiritual entre o povo de Deus (Lc 1.14-17). Por causa de sua mensagem de justiça, o profeta pode esperar ser rejeitado por muitos nas igrejas, em tempos de mornidão e apostasia. (3) O caráter, a solicitude espiritual, o desejo e a capacidade do profeta incluem: (a) zelo pela pureza da igreja (Jo 17.15-17; 1 Co 6.9-11; Gl 5.22-25); (b) profunda sensibilidade diante do mal, e capacidade de identificar e detestar a iniqüidade (Rm 12.9; Hb 1.9); (c) profunda compreensão do perigo dos falsos ensinos (Mt 7.15; 24.11,24; Gl 1.9; 2 Co 11.12-15); (d) dependência contínua da Palavra de Deus para validar sua mensagem (Lc 4.17-19; 1 Co 15.3,4; 2 Tm 3.16; 1 Pe 4.11); (e) interesse pelo sucesso espiritual do reino de Deus e identificação com os sentimentos de Deus (cf. Mt 21.11-13; 23.37; Lc 13.34; Jo 2.14-17; At 20.27-31). (4) A mensagem do profeta atual não deve ser considerada infalível. Ela está sujeita ao julgamento da igreja, doutros profetas e da Palavra de Deus. A congregação tem o dever de discernir e julgar o conteúdo da mensagem profética, se ela é de Deus (1 Co 14.29-33; 1 Jo 4.1). (5) Os profetas continuam sendo imprescindíveis ao propósito de Deus para a igreja. A igreja que rejeitar os profetas de Deus caminhará para a decadência, desviando-se para o mundanismo e o liberalimo quanto aos ensinos da Bíblia (1 Co 14.3; cf. Mt 23.31-38; Lc 11.49; At 7.51,52). Se ao profeta não for permitido trazer a mensagem de repreensão e de advertência, denunciando o pecado e a injustiça (Jo 16.8-11), então a igreja já não será o lugar onde se possa ouvir a voz do Espírito. A política eclesiástica e a direção humana tomarão o lugar do Espírito (2 Tm 3.1-9; 4.3-5; 2 Pe 2.1-3,12-22). Por outro lado, a igreja com os seus dirigentes, tendo a mensagem dos profetas de Deus, será impulsionada à renovação espiritual. O pecado será abandonado, a presença e a santidade do Espírito serão evidentes entre os fiéis (1 Co 14.3; 1 Ts 5.19-21; Ap 3.20-22).
 3. Evangelistas.
 No NT, evangelistas eram homens de Deus, capacitados e comissionados por Deus para anunciar o evangelho, i.e., as boas novas da salvação aos perdidos, e ajudar a estabelecer uma nova obra numa localidade. A proclamação do evangelho reúne em si a oferta e o poder da salvação (Rm 1.16). (1) Filipe, o “evangelista” (At 21.8), claramente retrata a obra deste ministério, segundo o padrão do NT. (a) Filipe pregou o evangelho de Cristo (At 8.4,5,35). (b) Muitos foram salvos e batizados em água (At 8.6,12). (c) Sinais, milagres, curas e libertação de espíritos malignos acompanhavam as suas pregações (At 8.6,7,13). (d) Os novos convertidos recebiam a plenitude do Espírito Santo (At 8.14-17). (2) O evangelista é essencial no propósito de Deus para a igreja. A igreja que deixar de apoiar e promover o ministério de evangelista cessará de ganhar convertidos segundo o desejo de Deus. Tornar-se-á uma igreja estática, sem crescimento e indiferente à obra missionária. A igreja que reconhece o dom espiritual de evangelista e tem amor intenso pelos perdidos proclamará a mensagem da salvação com poder convincente e redentor (At 2.14-41).
 4. Pastores.
 Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também são chamados “presbíteros” (At 20.17; Tt 1.5) e “bispos”, ou supervisores (1 Tm 3.1; Tt 1.7). (1) A tarefa do pastor é cuidar da sã doutrina, refutar a heresia (Tt 1.9-11), ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1 Ts 5.12; 1 Tm 3.1-5), ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8), e esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1 Pe 5.2). Sua tarefa é assim descrita em Atos 20.28-31: salvaguardar a verdade apostólica e o rebanho de Deus contra as falsas doutrinas e os falsos mestres que surgem dentro da igreja. Pastores são ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo 10.11-16; 1 Pe 2.25; 5.2-4). (2) Segundo o NT, uma igreja local era dirigida por um grupo de pastores (At 20.28; Fp 1.1). Os pastores eram escolhidos, não por política, mas segundo a sabedoria do Espírito concedida à igreja enquanto eram examinadas as qualificações espirituais do candidato. (3) O pastor é essencial ao propósito de Deus para sua igreja. A igreja que deixar de selecionar pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo a mente do Espírito (1 Tm 3.1-7). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de Satanás e do mundo (At 20.28-31). Haverá distorção da Palavra de Deus, e os padrões do evangelho serão abandonados (2 Tm 1.13,14). Membros da igreja e seus familiares não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1 Tm 4.6,14-16; 6.20,21). Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (2 Tm 4.4). Se, por outro lado, os pastores forem piedosos, os crentes serão nutridos com as palavras da fé e da sã doutrina, e também disciplinados segundo o propósito da piedade (1 Tm 4.6,7).
 5. Doutores ou mestres.
 Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, a fim de edificar o corpo de Cristo (4.12). (1) A missão dos mestres bíblicos é defender e preservar, mediante a ajuda do Espírito Santo, o evangelho que lhes foi confiado (2 Tm 1.11-14). Têm o dever de fielmente conduzir a igreja à revelação bíblica e à mensagem original de Cristo e dos apóstolos, e nisto perseverar. (2) O propósito principal do ensino bíblico é preservar a verdade e produzir santidade, levando o corpo de Cristo a um compromisso inarredável com o modo piedoso de vida segundo a Palavra de Deus. As Escrituras declaram, em 1 Timóteo 1.5, que o alvo da instrução cristã (literalmente, “mandamento”) é a “caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida” (1 Tm 1.5). Logo, a evidência da aprendizagem cristã não é simplesmente aquilo que a pessoa sabe, mas como ela vive, i.e., a manifestação, na sua vida, do amor, da pureza, da fé e da piedade sincera. (3) Os mestres são essenciais ao propósito de Deus para a igreja. A igreja que rejeita, ou se descuida do ensino dos mestres e teólogos consagrados e fiéis à revelação bíblica, não se preocupará com a autenticidade e qualidade da mensagem bíblica nem pela interpretação correta dos ensinos bíblicos. A igreja onde mestres e teólogos estão calados não terá firmeza na verdade. Tal igreja aceitará inovações doutrinárias sem objeção; e nela, as práticas religiosas e idéias humanas serão de fato o guia no que tange à doutrina, padrões e práticas dessa igreja, quando deveria ser a verdade bíblica.Por outro lado, a igreja que acata os mestres e teólogos piedosos e aprovados terá seus ensinos, trabalhos e práticas regidos pelos princípios originais e fundamentais do evangelho. Princípios e práticas falsos serão desmascarados, e a pureza da mensagem original de Cristo será conhecida de seus membros. A inspirada Palavra de Deus deve ser o teste de todo ensino, idéia e prática da igreja. Assim sendo, a igreja verá que a Palavra inspirada de Deus é a suprema autoridade, e, por isso, está acima das igrejas e suas instituições.
Fontes:  Dons Ministeriais para a Igreja. Em:  Bíblia de Estudo Pentecostal . Rio de Janeiro: CPAD, 1995, pp. 1814-1816; ARRINGTON, French L. e STRONSTAD, Roger, eds.  Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento.  Rio de Janeiro: CPAD, 2003, 1a edição, pp. 1240-1245.

1 Coríntios 12:11, no Comentário  Mathew Henry
Os dons espirituais eram poderes extraordinários outorgados nas primeiras épocas para convencer os incrédulos, e para difundir o Evangelho. Os dons e as graças diferem amplamente. Ambos são dados generosamente por Deus, porém onde se dá a graça é para a salvação dos que a recebem. Os dons são para o proveito e salvação do próximo; e pode haver grandes dons onde não há graça. Os dons extraordinários do Espírito Santo foram exercidos principalmente nas assembléias públicas, onde parece que os coríntios faziam ostentação deles, ao falta-lhes o espírito de piedade e do amor cristão.
Enquanto eram pagão não tinham sido influenciados pelo Espírito de Cristo. ninguém pode chamar Senhor a Cristo por fé, se essa fé não é obra do Espírito Santo. Ninguém pode acreditar em seu coração ou provar por um milagre que Jesus é o Cristo, senão for pelo Espírito Santo. Há diversidade dons e diversidade de operações, porém todas procedem de um só Deus, um só Senhor, um só Espírito; isto é, Pai, Filho e Espírito Santo, origem de todas as bênçãos espirituais. Nenhum homem os tem simplesmente para si mesmo. Quanto mais usá-los em benefício de outrem, mais favorecerão sua própria conta. Os dons mencionados parecem significar entendimento exato e expressão das doutrinas da religião cristã; o conhecimento dos mistérios, e a destreza para exortar e aconselhar. Além disso, o dom de curar os doentes, fazer milagres e explicar a Escritura por um dom peculiar do Espírito, e a habilidade para falar e interpretar linguagens. Se tivermos algum conhecimento da verdade, ou algum poder para dá-la a conhecer, devemos dar toda a glória a Deus. Quanto maiores sejam os dons, mais exposto a tentações está o possuidor, e maior é a medida de graça necessária para mantê-lo humilde e espiritual; e este se encontrará com mais experiências dolorosas e dispensações humilhantes. Pouca causa temos para gloriar-nos em algum dom concedido a nós, ou para desprezar aos que não os têm.